quinta-feira, julho 22

Palavras escritas a limpo...

O meu coração alegra-se,
quando eu leio as tuas cartas românticas,
as tuas belas palavras escritas a limpo.
Uma coisa me entristece,
sabendo que estás longe,
só podendo estar contigo nas tuas palavras.
O nosso destino está  separado,
sem se poder juntar,
imaginando-te nos meus pensamentos obscuros.
Estás  no meu coração para sempre,
mesmo se tu um dia me trocares.
Espero que esse dia nunca aconteça,
para que possa partilhar o meu amor contigo.

de Gilberto Pires
(poema elaborado quando tinha 16 anos)


O Nada!

Como era bom, se conseguíssemos pensar no Nada,
descarregarmos nossas energias quotidianas,
num simples Nada,
como se fosse uma simples forma,
de fugirmos aos problemas,
que assolam os nossos corações,
encontrar uma maneira de libertar de nós as preocupações,
a energia ou campos magnéticos,
que nos aprisionam no negativismo.
O Nada não é mais do que um campo neutro,
onde qualquer forma de ser ou conhecimento,
deixa de ter significado,
parecendo anular-se.
Nós podíamos utilizar o Nada,
para anularmos de uma certa maneira um tanto ou pouco efémera,
o negativismo espiritual,
é como se o nosso pensamento,
parasse no tempo e no espaço,
havendo uma perda de memória,
e, através dessa perda,
apagássemos o estado de espirito,
que sentíssemos no momento.
Mas, existe um problema,
será que por instantes,
por mais pequenos que fossem,
conseguíamos pensar no Nada?
Talvez é esses pequenos Nadas que fazem falta nas nossas vidas,
termos a capacidade de nos anular e reconstruir,
como seres novos, vindos do Nada,
e caminhando para alguma Coisa...
 
 
«Sendo essa Coisa, o ir ao encontro do verdadeiro poder positivo, "Deus"»
 
 
26/12/00
Gilberto Pires

Timidez...

Com uma certa timidez,
olho para ti,
sem ter força de me aproximar.
Os teus longos cabelos louros,
reflectem a luz do sol,
que me encandeia com o seu brilho.
O meu corpo treme,
quando estou perto de ti,
como se a tua beleza,
se apoderasse do meu corpo.
Mais uma vez observo-te,
através do meu olhar... triste e perdido.
A tua imagem enche
o vazio da minha mente,
enquanto me oculta,
o conteúdo que poderá ter a tua.
Lanças-me num labirinto,
no que diz respeito,
ao tentar conhecer-te.
A tua maneira de observar,
condena-me a esta dificuldade,
ao tentar descobrir,
toda a tua misteriosidade,
que simplesmente não queres desvendar.

de Gilberto Pires, 1994



quinta-feira, julho 15

Noite...!

Noite amiga,
contigo passo longas horas,
talvez um grande pedaço da minha vida.
Só tu me compreendes,
só tu me conheces verdadeiramente.
É a ti que eu conto meus segredos,
tristezas, alegrias, revoltas,
todo um conjunto de energias,
tu já fazes parte da minha essência,
Noite amiga,
companheira de todas os dias,
encontros que nunca falhaste,
lá estás tu mais uma vez,
Noite amiga.
A tua escuridão,
abraça-me confortavelmente,
enchendo-me de forças,
para aguentar mais um dia,
que se vai aproximando.
Tu és a minha musa,
á qual, liberto as minhas inspirações,
que se vão ganhando durante o dia.
É no teu silêncio, Noite amiga,
que eu vou desabafando.

 
de Gilberto Pires

“Os anos passaram, e a única coisa que nunca mudou foi a rapariga nas páginas do seu livro"

Vive-se constantemente numa entropia da informação, onde as pessoas quase não conseguem respirar ou reflectir sobre o que acontece constantemente à sua volta.... a velocidade do processamento dos seus pensamentos está quase a par da evolução das novas tecnologias que mudam a forma de estar da sociedade puramente virada para um consumo exacerbado de materialismo que aprisionam de uma certa forma as suas vidas.
O que nunca muda, é um momento, uma reflexão, uma história escrita que fica registada e imutável para além dos tempos num simples livro, ou em outro registo semelhante, como forma de um marco que sinaliza um período de tempo que parece tornar-se estável e resistente à mudança.
Qual será o caminho da Humanidade? Qual será a capacidade de um ser humano de armazenar e digerir um conjunto de acontecimentos proporcionados pela sua própria inteligência? Será que estamos a caminhar para uma nova era onde a máquina dominará o Homem?
Será que o futuro é uma a proximidade e favorecimento das relações humanas? Ou apenas um delimitar de fronteiras para apurar as diferenças...?
Certamente que vivemos cada vez mais num corre corre, pondo em risco a qualidade de vida em troca de uns prazeres efémeros dados pelo progresso, que vão alimentando o nosso ego como seres meramente sociais e integrados num todo competitivo e indiferenciado, onde predomina a lei do forte contra a mais fraco.
Os anos passaram e muita coisa mudou, mas a rapariga das páginas de um livro, será a mesma e inalterável, o testemunho de um dado momento da vida de um autor, que não conseguiu sobreviver às mudanças do mundo sempre em movimento.
O progresso abre novos horizontes no conhecimento humano, mas, também novos caminhos a explorar sem lhes conhecer o seu verdadeiro destino. 
  
de Gilberto Pires


quarta-feira, julho 14

O Tempo...!

Será que o tempo existe ou apenas uma invenção do Homem para mensurar a sua curta passagem pela Terra?
De facto é uma realidade do quanto somos escravos desse próprio tempo e, como necessitamos de nos orientar como se duma bússola se tratasse, parece que sem tempo não somos nada.
Ao tentar interligar o passado, o presente e o futuro apenas existe uma razão da sua existência, o marcador ideal para contabilizar toda uma história que fica armazenada, que ganha significado num determinado momento, sendo esse, o que dita o amanhã daquilo poderemos ser.
Como dizia o filosofo Hegel, “Ser e Não Ser”, através de uma palavra chamada Devir que faz a ligação entre estas duas terminologias que dão lugar à dialéctica do conhecimento, que não é mais nem menos que o movimento de uma vida ligado à história de um determinado tempo e espaço.
O tempo dita todas as movimentações físicas de um ser vivo, a orientação da vida para se estabelecer o equilíbrio entre o que é passível de se conhecer e do que não é.
A vida da Terra e do Universo tem como essência o tempo que delimita todas as acções de um todo que nos envolve e nos aprisiona num curto espaço e ajuda-nos a reflectir do quanto somos insignificantes em relação ao infinito ao qual é difícil de mensurar e delimitar. 
  
de Gilberto Pires

Amor de Verão

Pensamentos nocturnos me vão surgindo,
o brilho das estrelas anunciam-me
o silêncio profundo da solidão.
Reina em mim a tristeza do teu olhar,
os meus sentimentos ficaram sólidos,
tu vais partir!..
Deixando-me sozinho na imensa escuridão,
sentindo os toques dos teus dedos,
afastando-se ligeiramente.
O meu coração libertar a dor do sofrimento,
-oh noite serena ‚és tão só,
porque me mergulhas no teu imenso vazio.
Eu entro na escuridão dos teus olhos,
vejo a tristeza de me deixares,
ficarei sozinho ou apenas acompanhado com o meu eco.
Ao longe o luar ilumina os teus longos cabelos pretos,
soltos ao vento que vão desaparecendo,
deixando em mim a recordação do teu amor. 
  
de Gilberto Pires
(quando tinha 16 anos)