quinta-feira, julho 15

“Os anos passaram, e a única coisa que nunca mudou foi a rapariga nas páginas do seu livro"

Vive-se constantemente numa entropia da informação, onde as pessoas quase não conseguem respirar ou reflectir sobre o que acontece constantemente à sua volta.... a velocidade do processamento dos seus pensamentos está quase a par da evolução das novas tecnologias que mudam a forma de estar da sociedade puramente virada para um consumo exacerbado de materialismo que aprisionam de uma certa forma as suas vidas.
O que nunca muda, é um momento, uma reflexão, uma história escrita que fica registada e imutável para além dos tempos num simples livro, ou em outro registo semelhante, como forma de um marco que sinaliza um período de tempo que parece tornar-se estável e resistente à mudança.
Qual será o caminho da Humanidade? Qual será a capacidade de um ser humano de armazenar e digerir um conjunto de acontecimentos proporcionados pela sua própria inteligência? Será que estamos a caminhar para uma nova era onde a máquina dominará o Homem?
Será que o futuro é uma a proximidade e favorecimento das relações humanas? Ou apenas um delimitar de fronteiras para apurar as diferenças...?
Certamente que vivemos cada vez mais num corre corre, pondo em risco a qualidade de vida em troca de uns prazeres efémeros dados pelo progresso, que vão alimentando o nosso ego como seres meramente sociais e integrados num todo competitivo e indiferenciado, onde predomina a lei do forte contra a mais fraco.
Os anos passaram e muita coisa mudou, mas a rapariga das páginas de um livro, será a mesma e inalterável, o testemunho de um dado momento da vida de um autor, que não conseguiu sobreviver às mudanças do mundo sempre em movimento.
O progresso abre novos horizontes no conhecimento humano, mas, também novos caminhos a explorar sem lhes conhecer o seu verdadeiro destino. 
  
de Gilberto Pires


1 comentário:

Anónimo disse...

Revolução humana contra espectro hightech

Mais cedo, ou mais tarde, torna-se inevitável! O servidor deixa de funcionar e com ele goram todas as expectativas de aceder à Internet!
Hoje, até parece que ando despida. Respiro como se me faltasse a indispensável epiderme tecnológica que me protege dos raios nefastos do atraso digital.
Sinto-me perdida. Não posso consultar o e-mail, os sites da imprensa, os blogs e demais opções virtuais que me despertam para mais um dia de trabalho.
Sejamos realistas, o tic-tac do planeta actualmente soa através da digitação de moradas de websites no browser de milhões de internautas. A literacia é medida pelo grau de à-vontade do indivíduo frente às teclas do computador, a Internet é considerada a grande evolução tecnológica após a invenção da prensa de Guttemberg e a própria linguagem sofre inúmeras alterações que se prendem com a economização de vocábulos, sem que a reforma Leitista (de M. Ferreira Leite) tenha interferido nesta matéria.
Ora bem, se os terroristas do meio digital, instigados por um qualquer fundamentalismo religioso, lançassem um vírus letal que acabasse por dizimar a Internet, o que seria do mundo tal qual o conhecemos? Para começar, deixaríamos de ler as notícias da BBC on-line, escrever pelo correio electrónico; fazer transacções financeiras digitais, encomendar aquele livro que nem na FNAC de Lisboa existe; pesquisar as ofertas de emprego nos sites da especialidade; procurar familiares no Brasil que nunca vimos através dos chats; falar com amigos que trabalham no Burundi através do Messenger… e o nosso rasto pessoal deixaria de ser perseguido no reino dos bits e bites. Valha-nos ao menos isso!
Agora, vamos enegrecer um pouco mais o cenário e torná-lo Dantesco! Imagine que a Terra sofreria um apagão geral - um corte de electricidade de dimensão planetária. E que, nesse caso, nem o computador poderíamos utilizar. Nesse preciso momento, os detentores do lowtech – por oposição ao hightech - seriam então os profissionais mais procurados em todo o Universo. Sim, você leu bem: lowtech! A começar pelos nossos pais que ainda sabem teclar numa máquina de escrever convencional e fazer cálculos de cabeça primeiro que as máquinas registadoras nas lojas.
Seria um bom exercício voltar a escrever cartas à mão e enviá-las pelos CTT. Sem Internet e sem electricidade, teríamos de nos dirigir aos balcões do banco para depositar e levantar dinheiro. Deixaríamos de ser seguidos pelas câmaras de vigilância dos espaços públicos e voltaríamos a usar o telefone para contactar com os amigos que foram de férias para o México.
Imaginem saltar para uma época em que os vendedores de bilhetes substituiriam as máquinas de venda; os correios ganhariam aos serviços de e-mail; as agendas de papel venceriam os palmtops; os jogos da Majora remeteriam as famosas Playstation para um honroso lugar na gaveta. Por sua vez, os GPS seriam substituídos por mapas desdobráveis e deixaríamos de trocar os “qu” pelos “k” nos milhares de SMS! Seria uma autêntica revolução social! E mais, diríamos adeus à clonagem e à manipulação genética por falta de apoio computacional. A comunicação voltaria a ser de proximidade e a globalização iria tender para o bem-estar público das maiorias, sem o excesso consumista trazido pela revolução industrial e tecnológica! O que é preciso é ter esperança…
No fundo, aqueles que não vêem TV, que não usam electrodomésticos, e nem se deixam converter ao primado tecnológico não sofreriam na pele grandes feridas, mas, em contrapartida, veriam os seus dons valorizados pela sociedade globalizada. Teríamos de gritar em alto e bom som: Viva os oleiros, as bordadeiras, os carteiros, os jardineiros, os sapateiros, os actores de teatro, os escritores, os polícias, os pintores, os fotógrafos do século passado… viva, enfim, o ser humano!
Mas será que este cenário de regressão seria o ideal? Julgo que não! A coexistência pacífica é sempre a melhor das opções. Porque não havemos de conciliar a tecnologia com a humanidade? No fundo, a diferença não está na ferramenta, mas no uso que se faz dela com todas as correspondentes implicações éticas e morais. Apele-se então ao bom senso e crie-se um manifesto pró-humano que salvaguarde os nossos direitos inalienáveis! E viva a Igualdade, a Fraternidade e a Liberdade!

Helga Neida Nunes